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terça-feira, 7 de setembro de 2010

NOTÍCIA DE HOJE NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS

UHF cantam contra abandonodo santuário do Cabo Espichel

Vocalista da banda pensa até compor uma canção para "abanar" poder político

António Manuel Ribeiro, o vocalista da banda UHF, admitiu vir a compor uma música dedicada à degradação e abandono em que o Cabo Espichel, em Sesimbra, mergulhou nas últimas décadas. O líder do grupo que vai ser cabeça de cartaz no festival de música, que sexta-feira decorre no recinto, numa acção de solidariedade para denunciar o estado a que chegou o santuário, revelou nunca ter pensado nessa hipótese, mas questionado ontem pelo DN referiu que uma canção dedicada à causa "pode ajudar a dar uma safanão no poder político."

"É capaz de ser uma boa ideia. Vamos ver como decorre o festival e como é a adesão das pessoas e depois pensamos nisso", garantiu, após ter mostrado a sua angústia pela degradação acumulada no santuário onde namorou, escreveu e fez a sessão fotográfica pa- ra a capa de Noites Negras de Azul, o álbum dos UHF editado em 1988.

Nenhuma das bandas presentes no festival vai cobrar, justificando António Manuel Ribeiro tratar-se de um daqueles espectáculos de solidariedade em que os UHF tinham "o dever" de estar presentes. Aliás, o músico lamentou que outras bandas de maior projecção nacional, também convidadas, tenham ficado de fora. "Nestas coisas devíamos ter mais responsabilidade", alertou, questionando "como é possível deixar um marco histórico da arquitectura chegar a tremenda degradação e estarmos a assistir à sua vandalização?"

E não faltam exemplos no terreno para sublinhar esta afirmação. O roubo da imagem de Santo António, avaliada em mais de 15 mil euros, do interior da própria igreja, em Abril de 2009, foi o caso mais gritante do abandono a que o local tem estado votado, sendo que já este ano o cruzeiro de granito no adro do santuário apareceu destruído. O posto de transformação de electricidade foi assaltado, para roubo de cobre, e os projectores de luz instalados pela autarquia desaparecem com frequência.

Foi para tentar combater a dura realidade, que se avoluma desde 1925, que um grupo de 20 cidadãos, maioritariamente formado por elementos ligados à cultura, avançou com um projecto integrado nas comemorações dos 600 anos do Cabo Espichel, onde se inscreve o festival de música de sexta-feira. O fotógrafo de Sesimbra Carlos Sargedas, promotor do evento, acredita que as canções poderão funcionar como um "grito de alerta", que leve o Estado a devolver a ala que detém à confraria ou à autarquia viabilizando uma eventual operação capaz de recuperar aquele património.

O conjunto arquitectónico do chamado Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua inclui várias edificações como a antiga Ermida da Memória e a igreja seiscentista.

2 comentários:

flor de lótus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
flor de lótus disse...

Parabén por esta iniciativa.
Infelizmente esta é a realidade que entra pelos olhos de quem visita o cabo Espichel, degradação, abandono e vandalismo.
Ainda bem que há gente a levantar a voz, pode ser que a denúncia feita a cantar chegue rápidamente às "orelhas moucas" da política.